IURD: Capítulo negro em Angola continua

O Bispo Alberto Segunda, porta-voz da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola classificou no Sábado (17.04.2021), em Luanda, em conferência de imprensa, que a crise que se agrava no seio da Igreja desde 2019, é um golpe que está a sofrer por dissidentes e ex-pastores que um dia fizeram parte da Instituição.

“A Igreja Universal do Reino de Deus, está a sofrer um golpe por dissidentes e ex-pastores que um dia fizeram parte da Instituição. Nós, a Igreja Universal, somos guiados por um estatuto e um regulamento interno, onde todos aqueles que querem seguir o caminho pastoral devem respeitar aquilo que consta no estatuto da Igreja”, disse o porta-voz.

Alberto Segunda avançou que os dissidentes, que se fazem valer por uma assembleia que teriam organizado no decurso deste ano, não têm legitimidade para convocar tal assembleia, uma vez que, à luz dos estatutos, quem deve convocá-la, geral ou ordinariamente, é o Presidente do Conselho de Direcção.

Confome o Porta-voz, as actas ilegais saidas das assembleias dos “rebeldes”, fez com que o INAR e o Ministério da Cultura viessem a público determinando que o líder da Igreja Universal fosse o senhor Valente Luís Bezerra, porém, este mesmo senhor, segundo Alberto Segunda, já não faz parte da Igreja Universal desde Novembro de 2019, desligado por má conduta e acto de rebelião.

O Bispo adjetivou os individuos que “tomaram de assalto” a Igreja de Associação Criminosa pelo facto de terem realizado uma Assembleia à margem dos estatutos, terem falsificado documentos e cometido agressões.

Crítica ao Governo angolano

O Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Alberto Segunda criticou, no decurso da conferência, o Ministério da Cultura por ter legitimado alguém que já não fazia parte da Igreja desde 2019, como o único interloculor entre o Estado angolano e a Igreja Universal do Reino de Deus.

“O que não devemos aceitar é o pronunciamento do Ministério da Cultura e do Director do Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos legitimar alguém que já não fazia parte da Igreja desde 2019, dizendo que é ele o único interlocutor entre o Estado e a Igreja Universal do Reino de Deus”, considerou o Porta-voz.

Ainda segundo o Porta-voz, a Direcção da Igreja Universal solicitou várias vezes, encontros com o Ministro da Cultura e o Director do INAR, entretanto nunca foram recebidos.

“Não existe duas alas na IURD”

Alberto Segunda negou que exista duas alas na IURD, justificando que é uma questão que apenas é levantada pela Mídia.

“Tem que ficar claro também que não existe duas alas. A mídia propaga a questão de duas alas, a ala brasileira e a ala angolana. Para dizer que até o dia em que se levantou essa crise a Igreja funcionou normalmente, sem nenhum problema, até ao momento em que um indivinduo que é o Senhor Valente Luís Bezerra, levantou-se numa reunião pastoral,  e disse que havia um manifesto…Neste manifesto, eles alegam que os brasileiros são racistas, discriminam pessoas. E eles mesmo levaram isso até a PGR e o SIC  para que seja investigado. De lá para cá, nós estavamos a espera do pronunciamento da justiça, mas eles não esperaram. Então para dizer que não existe ala brasileira, ala angolana. Existe sim, individuos que querem tomar a Direção da Igreja à força”, esclareceu o líder religioso.

Situação dos missionários brasileiros em Angola

O porta-voz deplorou a situação dos missionários brasileiros da IURD em Angola, relegando à fé em Deus, o desfecho positivo do imbróglio.

O bispo angolano,  Alberto Segunda disse à imprensa que os advogados da congregação estão a trabalhar para evitar que os pastores e bispos de nacionalidade brasileira, acusados de práticas criminosas por dissidentes angolanos que tomaram à força alguns templos, sejam deportados.

“A situação dos ministérios brasileiros está delicada, mas temos fé em Deus e acreditamos que esta situação será resolvida”, disse Alberto Segunda.

O porta-voz da IURD em Angola fez saber que terá sido falsificado o documento que dava conta da situação irregular dos missionários. O bispo alega que o Serviço de Migração Estrangeiros (SME) foi enganado pelos pastores dissidentes, que alegam ser os legítimos líderes da igreja.

“Por que o SME não investigou, ou não averiguou a veracidade do documento? O órgão devia observar que assinatura que está naquele documento não é idêntica àquela que deu entrada, [na ocasião] da vinda dos missionários brasileiros ao nosso país”.

De acordo com a DW, no passado dia 8 de abril, sete pastores brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola foram notificados pelo Governo local para deixarem o país num prazo de oito dias.

A ordem foi emitida pelo Serviço de Migração e Estrangeiros angolano, que cancelou os vistos de permanência dos pastores devido à “cessação da atividade eclesiástica em território nacional”.

A vasectomia

O bispo esclareceu que a vasectomia não é crime no Brasil e ninguém é obrigado a fazé-la, é opcional. A IURD não prega a vasectomia, os pastores que optam por ela, fazem-no por livre e expontaneamente vontade.

A Disputa

O conflito religioso continua  numa disputa pelo comando da IURD no país africano, arrastando-se desde o final de 2019; e opõe um grupo de pastores ligados ao bispo Edir Macedo, fundador da instituição, a outro formado por pastores angolanos dissidentes.

O Porta-voz garante que o conflito persiste entre os pastores da Universal. A reabertura dos templos não foi orientada pelas instituições judiciais, explica o porta-voz da direção da congregação.