Entenda o caso de Manuel Rabelais
Segundo Manuel Domingos, representante do Ministério Público, foram levantados pelos arguidos 201,7 milhões de kwanzas, deixando as contas do GRECIMA com valor irrisório e desfazendo documentos de suporte das despesas e operações financeiras feitas com avultados valores que deveriam estar arquivados no órgão, tudo feito para não deixar rastos.
O julgamento de Manuel Rabelais começou nesta quarta-feira (09), segundo a DW, com a leitura da acusação. O Ministério Público acusa o ex-diretor do Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing (GRECIMA), e o seu antigo assistente administrativo de peculato, violação de execução de normas do plano e orçamento, recebimento indevido de vantagens e branqueamento de capitais. Os alegados atos, remontam a 2016 e 2017. Nesse período, Manuel Rabelais teria usado os seus poderes no GRECIMA para adquirir junto do Banco Nacional de Angola (BNA) divisas que eram canalizadas para alguns bancos comerciais. Ainda segundo a acusação, Rabelais e o seu assistente teriam movimentado o equivalente a mais de 250 mil euros das contas do GRECIMA, mesmo depois da extinção do órgão, notiou a DW.
Manuel Rabelais é um político angolano que foi Ministro da Comunicação Social do Governo de Reconciliação Nacional da República de Angola, Director Geral da Rádio Nacional de Angola e desempenhou também o cargo de porta-voz do governo angolano.
Até 2016, o então porta-voz de José Eduardo dos Santos, Manuel Rabelais, mantinha um esquema de drenagem de divisas do Banco Nacional de Angola, o que lhe permitiu, com efeito, saquear mais de 270 milhões de dólares através do Banco de Comércio e Indústria (BCI), de acordo com investigações do Maka Angola. O BCI é um banco detido em 93,60 por cento pelo Estado angolano, enquanto o restante capital se encontra distribuído por nove empresas públicas, incluindo Sonangol, TAAG, Endiama, ENSA e Porto de Luanda. Segundo apurou o portal Maka Angola, Manuel Rabelais, para a compra de divisas, usava o argumento de aquisição de equipamentos para a modernização dos órgãos de comunicação social do Estado e periféricos. Nessa altura, Rabelais era director do Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing (Grecima), para o qual havia sido nomeado em 2012.
O julgamento de Manuel Rabelais e do seu antigo assistente continua esta quinta-feira (10). O próximo passo será a apresentação de provas e a audição dos 14 declarantes arrolados no processo, incluindo o ex-governador do BNA, Walter Filipe, afirma a DW.
Segundo o presidente da câmara criminal do Tribunal Supremo de Angola, Daniel Modesto, este caso poderá demorar por ser complexos, pode levar algum tempo para o término do julgamento. A pedido do Tribunal Supremo, recentemente foram retiradas as imunidades de Manuel Rebelais e suspenso o seu mandato de deputado do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder.